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VACINA CONTRA DENGUE: Presidente da Comissão de Saúde da Câmara questiona critérios sobre distribuição

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara, deputado Zé Vitor (PL-MG), apresentou na última quinta-feira (25) um requerimento de informação ao Ministério da Saúde pedindo que sejam apresentados os critérios de distribuição e disponibilidade da vacina contra a dengue no país.

Segundo o Ministério da Saúde, a definição da estratégia foi realizada a partir da análise da situação epidemiológica nas regiões de saúde do Brasil. “Essas divisões correspondem às localidades formadas por municípios fronteiriços que compartilham identidades culturais, econômicas e sociais, redes de comunicação e infraestrutura de transportes e têm por finalidade integrar o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde”.

Para a imunização, foram selecionadas 37 regiões de saúde, que totalizam 521 municípios de 16 estados e o Distrito Federal.  Os municípios contemplados atendem a três critérios:

  • Possuir pelo menos um município de grande porte, ou seja, mais de 100 mil habitantes;
  • Alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024;
  • Maior predominância do sorotipo 2 do vírus da dengue (DENV-2).

O grupo prioritário para 2024 vai ser composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Conforme a pasta, a vacinação deve iniciar em fevereiro. Em Minas Gerais, 22 municípios entraram na lista de prioridades do Ministério da Saúde. Entre eles estão: Timóteo, Pingo-d’Água, Antônio Dias, Santa Maria de Itabira, Belo Horizonte, Nova União, entre outros. Confira a lista completa aqui.

No entanto, segundo o parlamentar, municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba com mais de 100 mil habitantes, como Uberlândia, Uberaba, Araguari, Patos de Minas, Ituiutaba e Araxá não foram contemplados.

O deputado cobrou “respostas imediatas sobre como foi feita essa escolha e uma redistribuição”. Segundo ele, “alguns municípios vivem momentos alarmantes”. O parlamentar ainda reafirmou o compromisso de se mobilizar “para que as regiões sejam atendidas com a vacina”.

De acordo com dados do Painel Arboviroses: Vigilância Epidemiológica da Secretária de Saúde de Minas (SES-MG), até 29 de janeiro, na região de Uberlândia/Araguari foram notificados 1.771 casos prováveis de dengue neste ano. Destes, 1.133 foram confirmados. Uma morte também está sob investigação. No ano passado, durante o mesmo período, 1.091 casos haviam sido confirmados.  Em Uberaba, 415 casos prováveis foram sinalizados e 6 foram confirmados. Uma morte também está sob investigação. 

Já em Patos de Minas, região também situada no Triangulo Mineiro, foram registrados 718 casos prováveis de dengue, sendo destes 136 casos confirmados. Em 2023, no mesmo período, 279 casos da doença haviam sido confirmados. Moradora do município, a dona de casa Judith Maria Sousa, de 81 anos, relata como tem se prevenido contra dengue na região. Ela ainda comenta sobre o  suposto descaso na cidade.

“A situação da dengue aqui está muito alarmante. Eu previno a minha casa colocando repelentes, colocando água de cloro no galão para não ser contaminado. Eu sempre olho minha casa e em volta da minha casa, mas as pessoas não estão cuidando. Inclusive Patos de Minas, tem muito entulho, muita sujeira, muito lote vago”, diz.

Conforme a SES-MG, a maior incidência de casos da doença foram registrados nas regiões centrais, de Belo Horizonte, e região do Vale do Aço. Ao todo o estado registrou 64.724 casos prováveis da doença, sendo 23.389 casos confirmados. Uma morte pela doença foi confirmada e 35 mortes estão sob investigação. 

Na avaliação do médico infectologista Fernando Chagas, as populações que vivem em locais com maiores concentrações de casos de dengue precisam ser imunizadas inicialmente. 

“Deve-se avaliar os locais onde se tem altas taxas de adoecimento, consequentemente também de altas taxas de mosquito Aedes aegypti e aplicar nesses locais, nessas populações. Somados também as estratégias de combate ao vetor, já que o vetor não transmite apenas a dengue, também transmite a chikungunya e transmite a zika. E combater o vetor, além de combater essas outras doenças, vai somar na luta contra a dengue, que muito provavelmente vai se refletir numa queda no número de casos durante os próximos anos”, destaca.

Vacinação contra a dengue

O Brasil é o primeiro país no mundo a oferecer a vacina contra a dengue na rede pública. A primeira remessa com 750 mil doses da Qdenga chegaram no Brasil no último sábado (20). O lote faz parte de um total de 1,32 milhão de doses da vacina fornecidas pelo laboratório japonês Takeda. Uma segunda remessa, com 570 mil doses, deve ser entregue em fevereiro. 

Ao todo, 5,2 milhões de doses da vacina deverão ser entregues ao longo de 2024. A pasta prevê que cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas neste ano, uma vez que o imunizante precisa de duas doses, com intervalo mínimo de três meses. Para 2025, a pasta já contratou outras 9 milhões de doses.

Para o infectologista Fernando Chagas, a vacina contra dengue é uma estratégia que pode auxiliar nas estratégias de luta contra o vírus da doença e frear não só o avanço de número de casos, como também o número de mortes.

“Nós não temos medicamentos específicos contra o vírus da dengue. Então, as medidas que tomávamos sempre foram no sentido de controlar o vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. E combater um inseto com a capacidade de adaptação tão grande acaba sendo muito difícil. Por isso sempre a gente acaba perdendo esta batalha. Mas a vacina acaba entrando com uma estratégia voltada diretamente contra o vírus, que se somada à estratégia que nós já temos contra o mosquito vetor, muito provavelmente a gente vai ter um impacto muito positivo, uma diminuição muito grande de não só novos casos, como também de mortes por dengue em todo o país nos próximos anos”, avalia.

Além da vacinação, o Ministério da Saúde destinou recursos para apoiar estados e municípios nas medidas de prevenção e controle da dengue com o repasse de R$ 256 milhões. A pasta também fez o repasse de R$ 30 milhões para ampliar a tecnologia Wolbachia, em Uberlândia (MG) e mais cinco municípios: Natal, Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC).  O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti juntamente com a bactéria Wolbachia, impedindo que os vírus se desenvolva.

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