De volta para casa: com o abastecimento de água restabelecido, cuidados com a limpeza ainda devem ser mantidos
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) reforça a importância de aumentar a atenção e não descuidar da limpeza para evitar o adoecimento, sobretudo das crianças. Desde o início da situação de emergência e ainda hoje, o UNICEF, por meio do Programa de Água, Saneamento e Higiene, apoia o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), em especial, junto ao Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIAGUA) do estado. O Vigiagua trabalha na identificação das necessidades locais e coordena as respostas envolvendo múltiplos atores.
O engenheiro químico do Vigiagua, André Jarenkow, garante que o abastecimento de água para todas as localidades atingidas pelas enchentes já foi restabelecido e assegura que a água que chega hoje às casas de todos os gaúchos está própria para consumo.
“A água é segura. Nós fizemos mais de duas mil análises no estado inteiro para garantir que a potabilidade da água tenha sido restabelecida. Nos locais onde tem uma grande companhia cuidando da água eles fazem também todas as análises e todo tipo de controle para garantir que a água esteja potável. Hoje em dia a água está bastante segura para a população poder consumir.”
Para orientar a população sobre como deve ser a limpeza, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul reuniu num material informativo os principais cuidados a serem tomados.
O oficial de água e saneamento do UNICEF, Rodrigo Resende, reforça a importância do acesso seguro à água potável, como serviço básico essencial para a garantia do bem-estar de crianças e adolescentes.
“O acesso à água potável é um serviço essencial para garantir o pleno bem-estar para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. No atual cenário associado ao retorno de grande parte das famílias para casa após as inundações no Rio Grande do Sul e a partir do restabelecimento do abastecimento de água nestes domicílios, o acesso seguro à água torna-se fundamental, tendo em vista o consumo humano, a preparação de alimentos e a higiene pessoal.”
Limpando a sujeira
A primeira orientação, segundo recomendado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde, o CEVS, é que todo lodo, entulho e lixo sejam retirados dos quintais e colocados em frente às moradias para serem recolhidos pelos serviços de coleta. A limpeza das paredes, piso, móveis e utensílios deve ser feita com escova, sabão e água limpa. Chão, paredes, bancadas e quintal, além de lavados, precisam ser desinfetados e isso pode ser feito com uma mistura de água sanitária — hipoclorito de sódio a 2,5% — na proporção de 1 litro para 4 litros de água limpa, deixando agir por 30 minutos. É só umedecer o pano na solução, passar nas superfícies e deixar secar naturalmente.
Já panelas, copos, pratos e objetos lisos e laváveis devem ser limpos com água e
sabão e em seguida esterilizados com a mesma solução desinfetante da usada nas superfícies, mas para esses utensílios a orientação é mergulhar os objetos lavados e deixar ali por, pelo menos, uma hora.
Os produtos de limpeza precisam estar com embalagens íntegras e as orientações do rótulo devem ser seguidas. Nada de usar produtos caseiros ou sem procedência. Panos e vassouras que forem usados devem ser descartados após o uso, para evitar contaminação.
Cuidados com a caixa d’água
O risco de contaminação da água utilizada para consumo humano em reservatórios nas residências aumenta após a ocorrência de enchentes.. Por isso, as caixas d’água dos imóveis atingidos precisam ser vistoriadas e limpas, tendo em vista os procedimentos informados pelos órgãos competentes. O primeiro passo é verificar se existem rachaduras — já que elas podem comprometer a estrutura. Antes da limpeza, o registro deve ser fechado e a caixa esvaziada. Paredes e fundo precisam ser esfregados com uma escova ou esponja e água limpa — atenção, nesse caso não se deve usar sabão ou detergente. Por último, a recomendação é encher a caixa e acrescentar um litro de água sanitária para cada mil litros de água, deixar a solução agir por duas horas e esvaziar novamente, para garantir a desinfecção.
O engenheiro do Vigiagua ainda reforça outros cuidados.
“A limpeza tem que ser feita porque a gente nunca sabe que tipo de material entrou em contato com essa caixa d’água. É importante sempre lavar bem essa caixa com hipoclorito para que não se coloque uma água limpa numa caixa d’água suja. A gente inclusive aconselha que, mesmo que o imóvel não tenha sido atingido pela enchente, deve-se lavar a caixa uma vez por ano e, se puder, uma vez a cada seis meses”, acrescenta.
Móveis e estofados
É preciso olhar a integridade desses objetos antes mesmo de começar a limpeza. Seguindo a recomendação do CEVS, no caso dos móveis, use água morna com sabão neutro para limpar as superfícies; para estofados, se estiverem secos, utilize um aspirador de pó. Esses objetos precisam ser desinfetados com produtos específicos, evitando água sanitária para não manchar. A secagem deve ser feita ao ar livre, preferencialmente ao sol, por vários dias. No caso dos estofados, se ficarem com cheiro de mofo após a secagem, o ideal é que sejam descartados.
Energia elétrica
Com a moradia ou comércio seco, a avaliação de um eletricista é importante antes de religar os disjuntores. Se os fios elétricos tiverem se rompido, a orientação é ficar distante. Importante também acionar a concessionária de energia da região. O morador não deve carregar aparelhos móveis, como celulares e tabletes, em locais úmidos, nem tocar em aparelhos elétricos com as mãos ou os pés úmidos.
Vale reforçar que, mesmo com a garantia da água limpa e segura para consumo, qualquer indício de alteração no gosto, cor ou cheiro deve ser informado às autoridades de saúde locais para que uma vistoria seja realizada, em articulação junto ao responsável pelo abastecimento de água no território.